Os Desenhos e Bartolomeu
Introdução
O texto de A. E. Maia do Amaral, tem um conteúdo histórico valioso; no caso, pretende buscar a verdade sobre um dos inventos de Bartolomeu, o aeróstato, especialmente sobre uma de suas representações gráficas. Tratava-se de um dos problemas relacionados ao invento de Bartolomeu, visto que tal invento foi tratado como mistério. Quantas versões haveria de tal invento de Bartolomeu? Qual era a correta? Pelas indicações de alguns autores, testemunhas oculares, tais representações do aeróstato de Bartolomeu não passavam de uma pista falsa: Bartolomeu construiu um pequeno globo, um protótipo de um invento que seria maior. Mas, como faz parte da história de Bartolomeu tais representações não fidedignas, cabe tomar conhecimento do assunto.
Acerca de um desenho da “Passarola"Quarta-feira, 13 de Maio de 2009. Posted by De Rerum Natura at 09:43
Uma vez que estamos no ano Gusmão,
pedimos a António Eugénio Maia do Amaral, Director Adjunto da
Biblioteca da Universidade de Coimbra, um depoimento sobre as imagens
que circulam do invento do luso-brasileiro, que foi estudante da
Universidade de Coimbra:
Não foi inocente a escolha desta imagem para ilustrar o “post” de
Carlos Fiolhais sobre o próximo centenário da experiência aerostática
de Bartolomeu de Gusmão: proveniente de um manuscrito setecentista da
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, julgo que este desenho é a
representação mais antiga e, porventura, mais fidedigna da famosa
“Passarola”, ou seja, o projecto de uma “machina voadora” em tamanho
real.
As gravuras que se tornaram mais conhecidas são muito
fantasiosas (quiçá posteriores) e o desenho conservado na Biblioteca
Vaticana, publicado em 1917 , pertence à mesma “família” destas gravuras que – de alguma forma – só desacreditaram a experiência do “Padre Voador”.
A
publicação desta imagem na Internet foi uma estratégia nossa para
problematizar a representação daquele objecto, o nosso contributo para
chamar a atenção para uma experiência científica portuguesa
extraordinária e ainda mal conhecida. Lançá-la na rede, e dizendo que
pode ser usada livremente, foi a forma que a Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra encontrou para garantir que ela não será
esquecida. Publicada já três vezes em papel, pelo menos, parece
indesmentível que esta imagem ainda era praticamente desconhecida até
ser divulgada aqui no “blog”. Com efeito, só após essa publicação é que
começa agora a ser usada e solicitada: para uma revista científica
brasileira, para um museu da aviação, para a exposição que se prepara
no Ministério da Cultura português, etc.
Penso que as
bibliotecas hoje podem e devem ser mais activas na promoção dos seus
“tesouros”, já não se podem limitar a catalogar muito bem os seus
fundos e a esperar que alguém os venha encontrar.
O desenho encontrava-se solto (nunca terá sido colado) na folha 247v. do Ms. 342 junto de uma cópia manuscrita do texto do “Manifesto sumario para os que ignorão poderse navegar pello elemento do Ar”
(cerca de 1709) e terá desaparecido algures entre 1935 e 1945, já não
se encontrando descrito no Catálogo de Manuscritos, publicado nesta
data.
A atestar que, um dia, existiu de facto estão as suas várias reproduções, publicadas desde 1868. A primeira vez em:
SIMÕES, Augusto Filipe - A invenção dos aeróstatos reinvindicada... Évora: Typographia da Folha do Sul, 1868. P. 76-77.
Depois, numa pequena vinheta de:
FARIA, Visconde - Reproduction
fac-similé d'un dessin à la plume de sa description et de la pétition
adressée au Jean V. (de Portugal) en langue latine et en écriture
contemporaine (1709) retrouvés récemment dans les archives du Vatican... - [S.l. : s.n.], 1917 (Lausanne : Impr. Réunies S. A.. - 17 p. : il. ; 29 cm. Disponível na Internet aqui.
E, mais tarde, reproduzida na capa de uma obra editada pela Biblioteca Geral:
DESCRIÇÃO burlesca dum imaginário aeróstato e outras sátiras ao Pe Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Coimbra : Coimbra Editora, 1935.
Esperamos
que a lista seja rapidamente acrescentada de novas publicações. A sua
reprodução é livre de direitos, e o desejo da Biblioteca Geral é o de
que seja reproduzida muitas vezes, até para contrariar a visão
esterotipada que se tem ainda do invento do Padre Bartolomeu Lourenço
de Gusmão.
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